O HOMEM NO TEMPO
De grande porte, com grandes armas, avança no tempo, esconde-se no vento e leva a alma pela chuva fora... A chuva que há de vir pela madrugada, matar a saudade e dizer que está frio lá fora.
És onde me perco, na dor e no choro, às vezes no cansaço, que faz com que não possamos carregar mais estas armas ao corpo e ao sair porta fora alguém se sente cada vez mais moribundo, esse moribundo desce pela montanha fora, quase batendo no fundo onde até cai e não mais se levanta. Já lhe dói a esperança, já nem falar consegue, dores fortes na garganta, esqueceu-se da manta, ao pescoço não falta a imagem de quem ama e de quem o virá buscar ou fazer companhia nesta noite fria.
Ele vai levantar-se e vai conseguir...deixando as armas no chão, corre já sem força, quer voltar para casa e aquecer o coração junto dos seus. Não precisa de uma oração ou de uma canção, só precisa de entrar onde ele quer entrar, para ser feliz onde já foi feliz. Ele não perdeu nada pelo caminho, voltou sim a ganhar a esperança, o seu corpo bate à porta e o choro é imparável, ele voltou, entrou e deixou-se ficar, pensando que tudo o que era mau não podia ser maior que a alegria que vivera nesse momento. E olho para esse homem e sinto que ele é feliz e que sabe por onde vai, sabe que cai mas levanta-se sempre na esperança de um dia voltar, para poder fazer rir e sonhar aquele mundo que é dele e que só ele sabe, só ele quer e só ele tem... temos um cantinho só nosso que nos faz sonhar e é nele que pudemos sempre voltar e acreditar.